Wednesday, September 5, 2007

(?)




...alguma relação é pura coincidência.


(por favor, unir as extremidades de cada cogumelo às mãos do bocas)

Monday, September 3, 2007

where is my little pony?





vivia a te buscar
porque pensando em ti
corria contra o tempo
eu descartava os dias
em que não te vi
como de um filme
a ação que não valeu
rodava as horas prá traz,
roubava um pouquinho
e ajeitava o meu caminho
prá encostar no teu
subia na montanha
não como anda um corpo,
mas um sentimento
eu subia o sol
antes do sol raiar
saltava as noites sem me refazer
e pela porta de traz da casa vazia
eu ingressaria, e te veria
confusa por me ver,
chegando assim
mil dias antes de te conhecer








Edu Lobo / Chico Buarque






Wednesday, July 25, 2007

bizarre love triangle



"À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos
(...)

Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r- eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria dentro e fora de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!
(...)

(Na nora do quintal da minha casa
O burro anda à roda, anda à roda,
E o mistério do mundo é do tamanho disto.
Limpa o suor com o braço, trabalhador descontente
A luz do sol abafa o silêncio das esferas
E havemos todos de morrer,
Ó pinheirais sombrios ao crepúsculo,
Pinheirais onde a minha infância era outra coisa
Do que eu sou hoje)
(...)

Giro dentro das hélices de todos os navios.
Eia! eia-hô! eia!
Eia! sou o calor mecânico e a electricidade!

Eia! e os rails e as casas de máquinas e a Europa!
Eia e hurrah por mim-tudo, máquinas a trabalhar, eia!

Galgar com tudo por cima de tudo! Hup-lá!

Hup-lá, huplá, hup-la-hô, hup-lá!
Hé-la! hé-hô! H-o-o-o-o!
Z-z-z-z-z-z-z-z-z-z-z!

Ah não ser eu toda a gente e toda a parte!"

in Ode Triunfal, Fernando Pessoa

Friday, July 6, 2007

in between days



"...Estou tão triste. Vamos para férias, para o pequeno paraíso. Contaram-me que ele tinha uma alegria tão grande que não podia agarrar num copo: quebrava-o com a força dos dedos, com a força da sua alegria. Era uma criatura excepcional. Depois foi-se embora, e até desconfiavam dele, e embarcou, e talvez não houvesse lugar na terra para ele. E onde está? Mas era uma alegria bárbara, uma vocação terrível. Partiu. E agora chove, e vamos para casa, e tomamos chá, e comemos aqueles bolos de que tu gostas tanto. E depois? E dpois? Ele era belo e tremendo, com aquela sua alegria, e não tinha medo, e só a vibração interior da sua alegria fazia com que os copos se quebrassem entre os dedos. Foi-se embora."

Herberto Helder

Tuesday, May 15, 2007

glory box



Embaciaste-me a cara com a tua respiração sôfrega... Depois, passaste a mão para voltares à tua nitidez translúcida e, com isso, apagaste-me a memória. A tua clarividência foi-se tornando mais nítida à partida do momento em que a minha se ia perdendo... Esgotaste-me os sentido e foste embora!
Reinventei um espaço, um nome, dias... reinventei-me à pressa. Agora existes-me com menos frequência quando te peço "Deixa-me ir..." mas continuas a prender os dedos nas presilhas das minhas calças... continuas-me a embaciar os ombros... continuas a prender-me contra o teu peito quando sussurras... Por isso, peço-te mais uma vez: "Deixa-me ir..."

Friday, April 27, 2007

Friday, April 20, 2007

ovNis



Pois é... ao que parece OVNI não quer dizer Objecto Voador Não Identificado. Ovni vem da palavra do latim 'ovis', que quer dizer ovelha. Logo, ovNis são...

Tchanãn... n ovelhas, ou seja, um rebanho!

Monday, April 9, 2007

where is my mind?




"Quanto à memória, é terrível. Umas vezes vai buscar imagens distantes de acontecimentos que, em geral, ainda virão a suceder. Outras, pura e simplesmente não há memória de nada. Um pouco como se eu começasse a ser cada fracção de segundo, e levo um tempo infinito, desumano, para erguer de novo, peça a peça, o que sou."
Al Berto