vivia a te buscar porque pensando em ti corria contra o tempo eu descartava os dias em que não te vi como de um filme a ação que não valeu rodava as horas prá traz, roubava um pouquinho e ajeitava o meu caminho prá encostar no teu subia na montanha não como anda um corpo, mas um sentimento eu subia o sol antes do sol raiar saltava as noites sem me refazer e pela porta de traz da casa vazia eu ingressaria, e te veria confusa por me ver, chegando assim mil dias antes de te conhecer
"À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica Tenho febre e escrevo Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos (...)
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r- eterno! Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria! Em fúria dentro e fora de mim, Por todos os meus nervos dissecados fora, Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto! Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos, De vos ouvir demasiadamente de perto, E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso De expressão de todas as minhas sensações, Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas! (...)
(Na nora do quintal da minha casa O burro anda à roda, anda à roda, E o mistério do mundo é do tamanho disto. Limpa o suor com o braço, trabalhador descontente A luz do sol abafa o silêncio das esferas E havemos todos de morrer, Ó pinheirais sombrios ao crepúsculo, Pinheirais onde a minha infância era outra coisa Do que eu sou hoje) (...)
Giro dentro das hélices de todos os navios. Eia! eia-hô! eia! Eia! sou o calor mecânico e a electricidade!
Eia! e os rails e as casas de máquinas e a Europa! Eia e hurrah por mim-tudo, máquinas a trabalhar, eia!
"...Estou tão triste. Vamos para férias, para o pequeno paraíso. Contaram-me que ele tinha uma alegria tão grande que não podia agarrar num copo: quebrava-o com a força dos dedos, com a força da sua alegria. Era uma criatura excepcional. Depois foi-se embora, e até desconfiavam dele, e embarcou, e talvez não houvesse lugar na terra para ele. E onde está? Mas era uma alegria bárbara, uma vocação terrível. Partiu. E agora chove, e vamos para casa, e tomamos chá, e comemos aqueles bolos de que tu gostas tanto. E depois? E dpois? Ele era belo e tremendo, com aquela sua alegria, e não tinha medo, e só a vibração interior da sua alegria fazia com que os copos se quebrassem entre os dedos. Foi-se embora."
Embaciaste-me a cara com a tua respiração sôfrega... Depois, passaste a mão para voltares à tua nitidez translúcida e, com isso, apagaste-me a memória. A tua clarividência foi-se tornando mais nítida à partida do momento em que a minha se ia perdendo... Esgotaste-me os sentido e foste embora! Reinventei um espaço, um nome, dias... reinventei-me à pressa. Agora existes-me com menos frequência quando te peço "Deixa-me ir..." mas continuas a prender os dedos nas presilhas das minhas calças... continuas-me a embaciar os ombros... continuas a prender-me contra o teu peito quando sussurras... Por isso, peço-te mais uma vez: "Deixa-me ir..."
Pois é... ao que parece OVNI não quer dizer Objecto Voador Não Identificado. Ovni vem da palavra do latim 'ovis', que quer dizer ovelha. Logo, ovNis são...
"Quanto à memória, é terrível. Umas vezes vai buscar imagens distantes de acontecimentos que, em geral, ainda virão a suceder. Outras, pura e simplesmente não há memória de nada. Um pouco como se eu começasse a ser cada fracção de segundo, e levo um tempo infinito, desumano, para erguer de novo, peça a peça, o que sou."